Decepe suas asas
Anjo, decepe suas asas.
Sinta a gravidade sobre a carne.
Ande com os pés na terra.
Perceba o que não é de nuvens.
Encontre o apoio, dobre os joelhos,
Empurre o chão e se eleve ao solo.
A cada passo, a cada salto, entre distâncias.
No intervalo do tempo, na queda, na suspensão.
Baila, com calos e bolhas sangrando.
É assim que se voa na terra,
No suor e nas lágrimas de alegria.
Sem asas, penas e auréolas.
No pulsar do coração, na magia da terra.
Na profundeza telúrica iluminadora.
Anjo, volte ao mundo fantasiado,
Ou simplesmente decepe suas asas.