Só me resta...
A mim só resta a solidão da lua, o cantar do pássaro esquecido na mata, o sabor do vinho e da vida ingrata, um cálice perdido na imensidão da sala ou cigarro partido como um coração que não sara...
Quem sabe falem as rosas nos momentos vazios ou chorem as pedras nos lugares sombrios, aqueçam-me os ventos nas horas de frio ou seu frio cobertor ainda em desalinho...; talvez me faltem as lágrimas ao lembrar de você, talvez de tão calejada já não consiga esconder, que ainda restam as marcas de um inútil querer, que ora sangra, ora mata, mas não me faz esquecer...
A mim só resta a história antiga, as entrelinhas da cantiga, a não mais fiel amiga, a qual nunca pude contar...de noites mal dormidas ou de baladas sofridas, eis que estou aqui novamente, falando do que se sente quando mais nada me resta além da solidão da lua no vigor da madrugada a me acalentar...