Faxinando-se!
Arrumar o guarda-roupa parece uma simples tarefa de organização, e diferente do que pensamos, deixamos nossos armários caóticos não é por falta de tempo, mas é para não nos expor ao conflitante momento de escolhas. Arrumar os armários é um ato complexo, envolve autorreflexão, as escolhas passam o tempo todo por critérios de verdadeiras voltas afetivas e expectativas; há sempre a peça da qual gostamos, mas não nos serve mais, que revelam nossa esperança de que voltaremos ao número menor, outras que guardamos pelo tempo em que convivemos com ela - já fazem parte da família - e o desapego depende de uma cabeça arejada que simplesmente coisifica as coisas para que consigamos nos desfazer dos objetos, há também a roupa que lembra demais uma pessoa, um momento, uma história e ela vai ficando na pilha das queridinhas e vão ganhando espaços especiais em meio às roupas novas, estas que revelam quem pretendemos ser a partir da limpeza.
Armários limpos de coisas que não se usam, gavetas cheias de recordações, equilibram o que sou e o que fui; as peças de roupas doadas revelam quem não quero mais ser, ou o corpo que não tenho mais... e novas peças remodelam o presente na expectativa do que há por vir!
Faxinar os armários é repensar-se, é conceber-se, é organizar não só prateleiras, mas a vida.
obs.: hoje, como uma boa segunda-feira pede, fiz arrumação nos armários!