À ESPOSA DELE

Eu vi nos olhos da esposa,
deslumbre apagado daquela,
que não tem para onde ir.
Imagem de fuga refletida,
do amor não correspondido,
refletido no espelho da vida.
A vi tentando fugir da tela,
tal qual enigma de Monalisa.
Eu vi nos olhos dela, sim!
Que não há pra onde fugir
pois o cheiro dele está ali.
Reconheci logo que a vi,
quanto de dor e de tristeza
ele conseguiu nela incutir.
Sou testemunha de defesa,
do desastre que fez na esposa!
Sua tristeza ao ter que seguir,
tudo estava bem ali na íris.
Ela enxergou a "outra" ,
nas mãos de Midas.
Ela já sabe,
que não passa,
de barco pirata personificado.
Sem timoneira, sem destino,
com vestígios no casco,                                   de estilhaços de champanhe.
Ele destruiu àquela,                                         a atual amante
e, também as próximas,
a se enredar nas âncoras,
do fantasmagórico.
Eu decifrei nos olhos dela,
ninguém me contou.
Se ele foi incapaz,                                             de fazer feliz a matriz,
que dorme ao lado dele;
pobre coitada da narradora,                           que nem é motriz!



Railda
Enviado por Railda em 23/05/2011
Reeditado em 08/01/2015
Código do texto: T2987390
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.