SAGA DO OLEIRO
O vento que sopra aqui não é o que sopra lá,
A terra dá tantas voltas perdemos noção e lugar.
Nasci num ermo de campo perdido entre serrados,
Dos ingazeiros imponentes, muito tenho lembrado,
Daquelas palafitas e barcos, porongos dependurados,
A cachorrada e cavalos, porcos, gansos e galos.
Minha herança está garantida
O conhecimento da vida
È o meu verdadeiro regalo.
Ao lado do Paraná do Rio Pardo e afluentes
Nos descampados, os guavirais fazendo alegria da gente.
Foi neste cantinho de mundo começo do bem viver.
Nas olarias antigas eu comecei a aprender.
A arte de amassar o barro tirado da beira do rio
São coisas tão diferentes lhes garanto que não viu.
O picadeiro, a carroça, o par de burros ensinados.
A pipa em movimentos por eles sendo puxada.
Corta o barro joga de volta pra ser de novo amassado,
Enquanto não tiver bom não pode ser liberado.
É obra do amassador a tamanha precisão
Enche o carrinho de pau e leva para o galpão,
Tombam todos enfileirados com enorme perfeição.
Do outro lado o cortador com o seu auxiliar,
Corta o barro põe na forma e seu arco de cortar
Passando de ponta a ponta para o acabamento dar.
De repente o barulhinho do toc toc na mesa
O tijolo está saindo bem feitinho com certeza.
Aparando com a tabuinha levando o mesmo pro chão
Enfileirado certinho a obra de arte está feita.
Esperam-se dois ou três dias pra levarem pra gambeta,
Depois de estar bem sequinho é que a coisa fica preta,
Vai-se ao forno muito quente pra queimar e ficar pronto.
Desenforna já bem frio é vendido e vai pro ponto.
Esta é a vida do oleiro
Vai a noite vem o dia,
Mas é homem sem tristeza.
Eu garanto, não sabias.