CANSEI DE TEU NOME
09.12.05.
Cansei de me sentir cansado, cansei dos insetos que abriguei,
testamentos que deixei todo mês para um novo alguém.
Cansei de viver várias “ex-tórias”, mudando de cara no primeiro
esbarrão, de te chamar de “coisa”, de te abrir as pernas, de não viver
em paz.
Cansei de tropeçar em tuas burrices, de hospícios cansei,
manicômios; colônias que logo perdem o cheiro.
Cansei de me sentir otário, tuas mentiras, tuas doenças, tuas
crenças.
Cansei de ficar sentado, de ficar em pé, de ficar de lado, de ficar
andando atrás de teu celular, de ficar deitado, de teu mal estar, de
teu “nunca chegar”.
Cansei de minhas pneumonias, de tuas cefaléias, de teu repentino
silêncio, de teu ex, de teu amanhã, de tua mãe, de tua irmã.
Cansei de teus nordestes, de teus cigarros, de tuas bundas, de
teus pixains, me cansei de tuas maldades ruins.
Cansei de minhas lágrimas, de minhas paixões ridículas, idiotas;
cansei de pessoas distantes, ignorantes.
Cansei de teus naufrágios, de tantos mares, cansei de Martas,
Dalvas, Verônicas, Suzis e Dagmares.
Cansei de ficar batendo papo com tuas paredes de pau-a-pique;
cansei de trepar em teus corpos corrimões, de ficar por baixo de seus
mais altos rodapés, de andar pelado por aí, de comer teu pão bolorado
e continuar cheio de fome
Cansei de teu nome.