A QUEDA DO RUÇO
É quando o Céu faz amor com a Terra.
O ruço vai descendo de mansinho, quase despercebido, vem descendo, abraçando montanhas, envolvendo vales, tocando a terra com os seus gélidos lábios.
E a terra que não tem como e por que fugir dele, espera ansiosa, tremulando as copas das árvores... o seu amante vem chegando.
Os pássaros fazem-lhes uma silenciosa serenata: voando e planando por entre as árvores onde o ruço já cobriu.
O Sol, enciumado, se esconde para não presenciar tal ato. O Raio, o Vento e o Trovão voam para bem longe, para não perturbar este idílio. A pálida Lua, madrinha dos enamorados, vez por outra aparece para presenciar este ato de amor.
E depois desta irresistível sedução, o ruço toma conta da terra. As pessoas se arrepiam, e os leigos ainda dizem:
-Que frio!!!
Mas nós sabemos muito bem, que esse arrepio é a emoção de presenciar e participar deste ato de amor....
Não depende das estações do ano, como não depende da temperatura, pois tanto nos dias ensolarados ou nos rigores do inverno, o ruço pode descer.
Este espetáculo pode durar uma tarde ou uma noite inteira, depois o ruço se dissipa e nós nem percebemos. A terra dá adeus ao seu amado.
Após este colóquio amoroso, a terra fica toda umedecida, agora muito mais fértil, onde o sêmen de ato, nada mais é que gotículas de orvalho, que mantém perenes as vegetações das florestas, campos e jardins.
O Sol reaparece, inundando de luz vales e montanhas, embelezando mais ainda, nossa querida Petrópolis!