A TERRA É DE QUEM A TRABALHA

Os camponeses sem terra, como escravos lavram e labutam as terras de outrem como o sangue das enxadas.

Pelos olhos da madrugada, lá vão como animais,

dando ou vendendo o seu suor, nos braços da vida com as suas enxadas pelo ombro. ( O seu suor a escorregar pela testa).

Era Inverno. Caim umas gotas de cristal. Mas chovia a cântaros. O seu sofrimento era como um dia desmaiado. O Jerónimo sentia

dores nas pernas e ao Fernando dói-lhe o corpo todo.

O sol ainda estava a despontar e eles já estavam a trabalhar.

Levantavam-se muito cedo ao raiar da madrugada. Frio como neve. Puxavam pela enxada para remover a terra, lavrando, semeavam, lavravam, redravam e assim passavam o dia como

prisioneiros condenados.

LUIS COSTA

LAMEGO, 4 DE NOVEMBRO DE 1983

AMADORA, 27/10/2o04

TÓLU
Enviado por TÓLU em 17/05/2011
Reeditado em 19/03/2017
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