"VIOLETAS NA PIA"
Outro dia, em um mundo tão, tão distante, aconteceu uma festa para comemorar a vida, a alegria de estar com aqueles que amamos, enfim, comemorar a alegria de ser ou ter mãe ou mães. Bem, essa era a intenção.
Alguns percalços acontecem no caminho de toda reunião que envolve muitas pessoas e essa se transformou em grande, mas nada que não fosse ajeitado pela famosa “ajuda de ultima hora”, pedidos de ultima hora.
Em ultimo caso, suponho que ninguém faz encontros familiares com a intenção de não atribuir significados emocionais e ate espirituais a tal evento. Família é congregação daqueles que são nossa base, nosso suporte qual seja. Emoção sim. Expectativa sim.
Assim que minha casa se encheu, a mamãe aqui de primeira viagem se pôs em uma dança frenética para tratar para que todos tivessem suas necessidades atendidas: comida pronta e musica tocando, casa ajeitada, filho doente cuidado, sorrisos, abraços, apertos de mãos, sinta-se a vontade para celebrar!
Nesta dança que durou horas, assisti de tudo um pouco: marido trancado no quarto jogando vídeo-game enquanto a casa lotava, filho chorando querendo cuidados, mãe se retirando porque não se dá bem com metade das pessoas que ali estavam, irmã se ausentando por motivos “religiosos”, marido gritando comigo em publico por motivos e causas que não pude controlar, porque estava atrapalhando ele que não tinha nada a ver com aquele evento que estava acontecendo, etc.
Famílias, pessoas não se comunicando, se ignorando, pessoas se divertindo, outras chorando por não concordarem com o que viam, filho traindo mãe, mãe fazendo pouco caso de filho, ignorando irmão, se alegrando com o sobrinho... Tinha até as figuras que por pouco não ouvi a voz, revoltas contra o machismo, homens suando no sol e no fogo para cuidar talvez do motivo maior de toda essa Torre de Babel estar formada: A carne.
Este churrasco de dia das mães, foi uma dança no inferno! Pude na minha correria triste, observar quanta intolerância, arrogância, desamor e egoísmo pode caber no ser humano e assumir tantos discursos, quantos motivos estritamente pessoais para acontecer...
Não havia prazer. Estavam todos na casa de uma mãe que vivia seu sonho de primeiro “Dia das Mães”, depois de perder uma filha, passar maus bocados para ter seu filho e ainda agradecendo a Deus por estar viva...Ninguém lembra, mas eu lembro: faltava minha filha, queira ou não, faltava a saúde minha e do meu filho naquele momento, ninguém lembra, mas eu não tenho como esquecer...Em 2009, passei o Dia das Mães torcendo pela chegada de Letícia, em 2010 passei lembrando da minha menina já ausente e torcendo para Felipe ou eu não morrer também e em 2011, com meu filho e minha vida por comemorar, assisto a todos celebrando seus egos, suas crenças, suas limitações espirituais, suas bandeiras sociais, sua pequeneza humana, seus sentimentos sendo feridos e traídos simultaneamente e tudo ao mesmo tempo agora...
A conclusão disso tudo? Tenho certeza que cada um saiu com suas opiniões e certezas do quanto odeiam isso ou aquilo no outro. Odeiam. Odeiam, Odeiam.
Quanto a meus sentimentos, COMO saí desse churrasco? Foi muito bom contemplar a minha violeta sonhada, concretizada em cima da pia!
FELIZ DIA DAS MÃES!