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(Líricas de um Evangelho Insano)

Nenhuma cidade acesa senão aquela que me habita.. Em que porta baterei eu senão na minha?. O que me guarda dentro de mim que este incontido regato escapa-me pelos olhos?...
Nenhuma resposta me vem de fora!!!




   Não borre a noite
   ela diz da escuridão 
  a contrapor as pinceladas da claridade
  Enquanto a palavra revoa
 não há superfícies
 há medo do intocável pelas mãos
  As moradas enfileiram-se apagadas..
Os telhados  fragmentados quebrados
as janelas craqueladas
dos cortinados balouçantes
salpicam a teia  dos fios
do tecelão mais hábil ...
Um sutil perfume exala de suas paredes
um musgo bolorento encobre o festim das larvas
Tudo  se remoinha na inquietação
um vendával reflui de  seus rios
os cabelos esvoaçam  caem
  imenso é o desejo daquela paisagem nua
que dança no tempo das lagartas
O ser  que ali habita é um ser de desejos
Ele irá bater de porta em porta
àbuscar incessantemente respostas...
Tudo deserto
o vento revoando cáustico
desfolha a escuridão
A cidade é fechada
Nenhuma cidade  acesa
senão aquela que me habita
Em que porta baterei eu senão na minha?.
O que me guarda  dentro de mim
que este incontido regato escapa-me pelos  olhos?...
  Nenhuma resposta me  vem de fora
Nada sabes  dizer de mim
A tocha acesa    ilumina  o bisonte e a ave
  me espamo com as línguas de fogo
que tonalizam  as chamas
perco-me  em  ouvir -TE-ME
sonoros ecos respingados dos Teus passos
quebram-me as luas
no escuro lago  desfiados... !!!