Amor

Na entoada do chantre

Mente a vela acesa sobre a mesa oca

Ao pé dos entornos desgastados, desgraçados

Avante!

A chama e a bruma parecem vestir-se de escarlate

Estua cândida e dadivosa fonte dum levante de ossos

Espessa carne lambendo o ar que flameja; tom de oliva

Ao rés dos lábios sequiosos e arrogantes

Rompe, linda, a tromba da paz no arame farpado.

Descemos mais dois pés à atmosfera, negativa

Amor na era da vida; margarida despetalada

É preciso um pouco do navio

Necessários pavios a manter o impulso da tez endiabrada

(bronzeiam-se os pomos);

Na capela do quarto jaz a avaria de sangue supurado das veias

Feras em sentimentos de ordenha, tenros esquipáticos.

Ao rugir da carruagem especial, dulcíssimo mel

Precipício de emoção a amparar orgasmo onívoro, fanática eira

Som de suores secos e espaventados; arfa a tonta boca

(estamos a nos aspergir, sismologia mutualística).

Velame negro a desvendar vícios hipócritas

Dissolvem-se as teias de manhas, trincam taças na manhã que banha

(apelo ao inapelável... Desejo, confidências, ah!)

Ressurgem velhos loucos de capa, inda mais infames

À parte, entoa, novamente, o chantre desavergonhado

(e não revela pecado!).

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 20/11/2006
Código do texto: T296828
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