INDIGNAÇÃO

Indignação, eis a palavra certa, para quem,

Como eu,expressar o que sinto,com os fatos

Que,creio,como muitos que estão no momento

Passando pelo que eu estou,e, com certeza...

Estão sentindo-se como sinto-me agóra,

Um zero á esquerda,um nada,um ninguém...

Certeza é a palavra de quem tem a idade que tenho

E que já ultrapassou os sessenta anos...

Em meus sessenta e oito anos,já aposentado

Aos sessenta e cinco,a sociedade, acho eu,

Premeditadamente,aos poucos,e porque não dizer

“educadamente”, com outras palavras,nos descartam

Da vida,do desejo de trabalho,do direito á saúde

Do deve-se ficar em casa,de não acreditar

Que um dia,não distante,fostes alguém...

Em quem confiar,e assim...

Não tenhas mais certeza de nada,você,aposentado

Que ao longo de sua vida,trabalhou,criou,viveu

Dê-se por vencido,pare,e só pague...

O direito á morte,se já não morreu...

Indigne-se com as Leis,com Ministérios

Bata o pé,exija,é direito seu...

Só não diga,amigo meu,Ó DEUS,que fiz...?

Não mais sirvo?O que aconteceu?...

A triste verdade,amigo,lhes digo,

Não eu, mas a sociedade,em seu todo...

Se tenhais mais de sessenta,acredite,

Você,não sabe,como eu, já morreu !

Indignação, revolta,incompreensão,temor,

Sejais mais um idoso,cerrando fileiras,

Caminhe pelas ruas,olhe ao redor...

Desdenhe de todos,do desrespeito,por favor...

Sejais como eu,que aos sessenta e oito anos

Preocupo-me,e com temor...

Ao amanhecer de novo dia,crianças,jovens

Sentadas ao seu redor,escutando a vida...

Cantadas,faladas,rezadas ,com muito amor.

Julio Piovesan

11-05-2011