Eu pensei que a vida fosse isso que a gente vivia e ia a viver
Não isso que a gente só dizia e vivia dia a dia só para dizer
Palavra por palavra e tanta palavra até para dizer a palavra
Para preencher esses vazios desses silêncios mais profundos
E criar tanto desses mundos nos fundos do que viria a ser
A palavra que interfere, difere, fere, confere um tal poder
Que define, previne, adivinha, profetiza, ironiza, preconiza
Que esgota e bota tudo a perder pra nunca mais valer
Que identifica, significa e sacrifica tudo aquilo que é viver
O verbo entre nós que atua na ação mais absurda da inanição
Ter, ver, saber, fazer, querer, nascer, crescer, viver e morrer
E crer que é a palavra que cria o pensamento antes de dizer
Tantas palavras só para dizer que não temos nada a dizer
Nada que podemos ou sabemos, nada que tememos menos
Que o medo do que se faz palavra só para nos corromper
E prometer calar no absoluto silêncio que nem ousamos fazer
Porque não somos nada e nada somos se não podemos dizer
Que inventemos palavras e palavras, a poesia e os devaneios
O verbo na carne a arder o cerne daquilo que é para esquecer
Esse pensamento que nos torna e transforma e depois transtorna
E que bem mais além retorna para tudo refazer e depois desfazer
Esse prazer de tornar palavra aquilo que era só para se viver
E depois de viver gozar atingir o imenso prazer de esquecer
Não isso que a gente só dizia e vivia dia a dia só para dizer
Palavra por palavra e tanta palavra até para dizer a palavra
Para preencher esses vazios desses silêncios mais profundos
E criar tanto desses mundos nos fundos do que viria a ser
A palavra que interfere, difere, fere, confere um tal poder
Que define, previne, adivinha, profetiza, ironiza, preconiza
Que esgota e bota tudo a perder pra nunca mais valer
Que identifica, significa e sacrifica tudo aquilo que é viver
O verbo entre nós que atua na ação mais absurda da inanição
Ter, ver, saber, fazer, querer, nascer, crescer, viver e morrer
E crer que é a palavra que cria o pensamento antes de dizer
Tantas palavras só para dizer que não temos nada a dizer
Nada que podemos ou sabemos, nada que tememos menos
Que o medo do que se faz palavra só para nos corromper
E prometer calar no absoluto silêncio que nem ousamos fazer
Porque não somos nada e nada somos se não podemos dizer
Que inventemos palavras e palavras, a poesia e os devaneios
O verbo na carne a arder o cerne daquilo que é para esquecer
Esse pensamento que nos torna e transforma e depois transtorna
E que bem mais além retorna para tudo refazer e depois desfazer
Esse prazer de tornar palavra aquilo que era só para se viver
E depois de viver gozar atingir o imenso prazer de esquecer