outono em mim ...
sinto meu pensamento se desfolhar
soltando o que já me foi verdejante ...
e deixando as palavras secas seguirem ao vento ...partirem em momentos ...
tapete de sensações embelezam o caminho
onde piso de mansinho para não ferir , não machucar , não amassar o que pode ser um verso de algum outro poetizar ...
sinto sobre os pés algo estalar
e o ruído me faz entender que mesmo despregadas de mim as palavras ainda tem vida ... tem marcas e sulcos do que por mim foi vivido ... absorvido ...
tem pronúncias ... denúncias ... ânsias e desejos cravados ...
são dizeres que apenas ressecaram para dar lugar à outros dizeres ...
este outono me é necessário para renovar ...
para repaginar minha paisagem ...minha aragem ... minhas margens ...
é meia esta estaçao ... é intermediária ...nem ferve em versão verão ... nem esfria e arrepia minha melodia ...
são cíclicos os versos
ora frutos e flores
desejos e amores ...
ora se largam dos braços e abraços
num impulso desidratado de querer seguir
abusam em amarelos ... buscando dourados amadureceres ...
como o sol no horizonte , que vai , sabendo-se revigorado no próximo e vindouro instante ...
que seja assim , meu agora outono
um prenúncio
um anúncio
um refúgio pro meu pensar de novo ver brotar o melhor de mim no ar ...
(( MELLMELLO))