De volta ao salão, com música na alma.
Aquele sábado era véspera de um dia especial. Estava no salão. Fez as unhas, cortou e fez escova no cabelo e deixou a irmã no horário seguinte, para os mesmos tratamentos de beleza. Disse-lhe que daria uma volta, compraria algo e voltaria depois..
Queria mesmo era sair, ver gente, movimento, vitrines...
Respirar livre, como adora fazer...
Observar mais, colher preciosidades com o olhar.
Uma força a atraía e também a conduzia ao próximo shopping.
Antes da entrada, seus ouvidos já se encantaram com a música do seu cantor preferido, ao som de flauta transversal. Ficou feliz...
Sua alma se encheu de alegria. Um sorriso esboçou e em passos lentos, foi parando nas vitrines, mas com certa curiosidade sobre a origem daquele som.
A música foi ficando mais forte e então, avistou o músico, que por sinal é um ótimo profissional, já conhecido. Não pode cumprimentá-lo naquele momento, apenas permaneceu por perto...depois subiu a escada rolante.
No segundo andar, fez um passeio pelas lojas, nada a agradava...nem as decorações, que geralmente a faziam pensar sobre a inspiração do vitrinista.
O som era mais atraente. A chamava, a convidava ao seu mundo de poesia. Das antigas às novas canções bem selecionadas... de muito bom gosto as escolhas do repertório.
Parou no alpendre, debruçou-se e sonhou com belos tempos de romance. Pensou que já viveu tudo isto...mas como?
Acorda! Era assim que dizia a si mesmo, quando não percebia o tempo passar, distraída com algo que muito a agradava.
Resolveu descer as escadas, mas não queria ir embora dali.
Fascinada com o som, agora de sax.
Ah...bom demais!
Sentou-se em um banco. Não era de fazer isto...a quanto tempo não sentava, assim, sozinha, em um banco...para apenas apreciar belas músicas!
O músico parece que a viu...
Fez uma pequena parada, era preciso, para que a respiração e o fôlego voltasse ao normal.
Ela, levantou-se, olhou o relógio. (Nossa! Preciso voltar! Disse para si, como de costume...).
Tomou coragem, vencendo a timidez, foi até ao músico e disse-lhe:
- Parabéns. Dei várias voltas no shopping só para ouvi-lo tocar divinamente. Pena que agora tenho que ir...
Ele sorriu, contente e agradeceu.
Já a conhecia, tinha sido professor do seu filho, lembrou-se.
Voltou para o salão (que não era o dos bons tempos) e a música continuou no ar e na alma.
A sensibilidade faz os momentos serem eternizados, nas lembranças.