Fragmentos e Cismares 39


                 [EMBRIAGUEZ LÚCIDA]


    Bem que sei que meu maior torpor e porre acontecem quando estou sóbria! Pó sem pirlimpimpim corre no meu sangue... Marasmo e maceração das palavras e dos  pensamentos. Doses homeopáticas de questionamentos e sabedoria, esta tão implícita!, guardada nos sentidos. Memória sensorial.
De improviso arrisco esses versos.
Sem temer a loucura e a miscelânia.
Nem a crítica.


Quantos somos dentro de nós?
Quantos calam, quantos têm voz?
Quantos espinhos colhidos
Nas estradas como perseguidos?
Quantas flamas,
Quantas escamas,
Na trajetória dos dias,
Uns de glórias,
Outros de agonias?
O corpo ainda é o maior bem
Que em verdade se tem?
Bússola do nosso interno
A nortear o externo?
Um animal acuado
Passando-se por educado?
Das tripas faz coração
Enquanto amarga a rejeição?
Guarda ais, proclama brados,
Duela com mal-assombrados?

Qual nossa composição, afinal?
Quanto de homem e quanto de animal?
Pó do tempo
Sob o firmamento...
Anseio, busca, chuva de argumentos
["ah! no pensamento a gente voa... 
                    qualquer problema é coisa à toa..."
 ]



Quem sou eu, que não sei de mim?
Quem és tu, que de mim não soube o melhor?



Copyright © 2011. Kathleen Lessa. Todos os direitos reservados.

KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 09/05/2011
Reeditado em 08/08/2011
Código do texto: T2959374
Classificação de conteúdo: seguro
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