O bravo deu no cravo

-Senhor, meu Coronel

-Que veio direto do céu

-Lá no meu celeiro

Um bicho arruaceiro

Tirou o sossego da gente

Fez loucura, fez demente

Pode ser uma besteira

Mas a galinha poedeira

Não bota ovo nenhum

Todo mundo em jejum

A vaca que era leiteira

Apronta a maior sujeira

Não dá um litro de leite

Há até quem suspeite

Que o bebê vai murchar

Se aquela teta secar

Ninguém arreia a égua

Que pula sem dar trégua

Deixando na mão o peão

Só o Coronel destemido

Que já fez o Diabo ferido

Pode a “coisa” desatar

Aprumou-se a autoridade

Sem fazer-se de covarde

Com cara cheia de charme

Mas alma cheia de alarme

-E o que quer que eu faça?

-Que bote a mão na massa?

-Limpar celeiro é faxina

-E por isso não me anima

Dou nó em lençol de fantasma

Tiro de cemitério a asma

Não tem barulho de corrente

Que não seja meu servente

Não seja cabra medroso

Não amole o meu repouso

Vai lá e espanta com o bicho

Tire o couro faça um rabicho

Você é mais que um cochicho

Para não manchar o conceito

De cabra macho sem defeito

O dono daquela fazenda

Não juntou nem sua merenda

Foi sozinho, sem reboque

Tirar férias no Oiapoque

E só voltou o embusteiro

Quando a paz voltou ao celeiro

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 09/05/2011
Reeditado em 09/05/2011
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