O bravo deu no cravo
-Senhor, meu Coronel
-Que veio direto do céu
-Lá no meu celeiro
Um bicho arruaceiro
Tirou o sossego da gente
Fez loucura, fez demente
Pode ser uma besteira
Mas a galinha poedeira
Não bota ovo nenhum
Todo mundo em jejum
A vaca que era leiteira
Apronta a maior sujeira
Não dá um litro de leite
Há até quem suspeite
Que o bebê vai murchar
Se aquela teta secar
Ninguém arreia a égua
Que pula sem dar trégua
Deixando na mão o peão
Só o Coronel destemido
Que já fez o Diabo ferido
Pode a “coisa” desatar
Aprumou-se a autoridade
Sem fazer-se de covarde
Com cara cheia de charme
Mas alma cheia de alarme
-E o que quer que eu faça?
-Que bote a mão na massa?
-Limpar celeiro é faxina
-E por isso não me anima
Dou nó em lençol de fantasma
Tiro de cemitério a asma
Não tem barulho de corrente
Que não seja meu servente
Não seja cabra medroso
Não amole o meu repouso
Vai lá e espanta com o bicho
Tire o couro faça um rabicho
Você é mais que um cochicho
Para não manchar o conceito
De cabra macho sem defeito
O dono daquela fazenda
Não juntou nem sua merenda
Foi sozinho, sem reboque
Tirar férias no Oiapoque
E só voltou o embusteiro
Quando a paz voltou ao celeiro