Retalhos depressivos

A tarde esmorecia rapidamente.

Era uma dessas tardes frias,

De céu alto, leve e duro.

Belo fundo de paisagem, sensível

Que parecia pincelado com manchas ultramar.

A propósito de nada, só prolongando a agonia

De um dia mal vivido.

E prenunciando uma noite fantasmagórica

Angustias secretas, fardos que se arrastavam

Sem esperança, sem saber o que fazer.

Alucinada pôs-se a fitar obstinadamente

O azul profundo do céu

Quem era afinal?

Onde está o seu caminho?

O seu destino teria ficado escrito em alguma estrela!

Qual delas?

Uma luta atroz que se travava na mente atormentada

Adormecera, entregara-se por um instante

Como se pudesse aplacar a mágoa e anestesiar a dor

Que lhes debulhavam a alma.

Entregue a apatia, de nada valera,

A não ser o jogo das perdas.

E nada restou...

Apenas o seu angustiante mundo interior

Angeluar
Enviado por Angeluar em 09/05/2011
Reeditado em 09/05/2011
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