Retalhos depressivos
A tarde esmorecia rapidamente.
Era uma dessas tardes frias,
De céu alto, leve e duro.
Belo fundo de paisagem, sensível
Que parecia pincelado com manchas ultramar.
A propósito de nada, só prolongando a agonia
De um dia mal vivido.
E prenunciando uma noite fantasmagórica
Angustias secretas, fardos que se arrastavam
Sem esperança, sem saber o que fazer.
Alucinada pôs-se a fitar obstinadamente
O azul profundo do céu
Quem era afinal?
Onde está o seu caminho?
O seu destino teria ficado escrito em alguma estrela!
Qual delas?
Uma luta atroz que se travava na mente atormentada
Adormecera, entregara-se por um instante
Como se pudesse aplacar a mágoa e anestesiar a dor
Que lhes debulhavam a alma.
Entregue a apatia, de nada valera,
A não ser o jogo das perdas.
E nada restou...
Apenas o seu angustiante mundo interior