Crise
Aos quarenta e um anos de idade me pego tendo crises de identidade, relembro os dezesseis.
Será adolescência tardia, inoperância, intolerância, incompetência ou o que?
Não sei quais os motivos, se é que eles existem, só sei que tem sido cada vez mais comuns as angústias, as oscilações de humor, as somatizações.
Será estresse? Estafa? Depressão? Ansiedade? Será tudo ou será nada?
- Faça exercícios!
- Tenha uma alimentação saudável!
- Medite!
- Não “engula sapos”!
- Tome florais!
- Faça acupuntura!
- Reze!
- Ouça música new-age!
Conselhos a granel...
Sinto-me mal, questiono “diagnósticos”, devo ser um prato cheio para os discípulos de Freud.
Racionalizo, vejo de forma clara o que vivo e o que sinto. Mera expectadora, que enxerga, mas não é capaz de mudar.
“Levanto o astral” do mundo, sou aparentemente feliz, forte, bem resolvida. No fundo, não sei ao certo o que sinto, nem ao menos quem sou.
Monto-me feito quebra-cabeça, dependendo do lugar ou da necessidade. Moldo-me hipocritamente ao sistema para sobreviver. Entristeço-me!
Mergulho em meus momentos ruins, desespero-me, vou ao fundo, dou impulso, volto à tona, volto à vida, ao cotidiano implacável, à rotina.
Fortaleço-me (ou engano-me?) e sigo mais uma vez em frente... até a próxima crise.
Que venham os 42!