[As Estações do Espírito]

Reparem bem:

falo em espírito, e não falo em alma!

Procurei alguma unidade em mim,

um fio condutor de minhas ações,

ligando uma sensação à outra,

e esta outra, à outra ainda...

Reconheço: sou parvo nestas artes;

custei a descobrir que ninguém,

nem eu, mesmo tendo a vida por um fio,

pode existir ao longo de um fio —

eu sou meus proprios temas!

Desventurado é aquele que tenta

penetrar os labirintos meus!

Conseguirá apenas chegar às estações

onde o meu inquieto espírito esteve,

não mais está: sou alvo móvel!

E para ir de uma estação a outra,

eu não sigo trilhos — eu tenho asas...

Grande conforto é saber que,

vivendo de estação em estação,

não há nenhuma espécie de arranjo

lógico [ou temático] em meus escritos!

Sinal claro de que estou

mesmo a viver em tempos

"pós-era das trevas Modernas",

liberdade total de engendrar paisagens...

[Penas do Desterro, 07 de maio de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 08/05/2011
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