Continuamos a nos debater neste extenso e caudaloso rio da ignorância.
Muitos acabam na margem esquerda, extenuados, cansados, muitos outros se dirigem à margem direita, igualmente exaustos. E nas margens, desistem de nadar, não procuram mais entender o rio da vida.
Ouvi falar, eu que teimo em continuar nadando no meio do rio, que o romancista Guimarães Rosa encontrou uma terceira margem, que não consigo enxergar. Ah!, os poetas, sempre eles, os alquimistas da vida, nos surpreendem, enquanto vamos dando nossas braçadas, tontos, engolindo água pela boca, nos sufocando, quase morrendo.
Não há conciliação possível entre os lados opostos. Não temos saída, por isso nos agarramos sôfregos aos "arrecifes" que surgem no meio do caminho, para apenas nos esfolarmos mais ainda nesta luta inglória, procurando o ancoradouro que nunca surge.
Quando, afinal, atingiremos o mar infinito, antes de nos afogarmos no misterioso fundo do rio?