De que adianta?!
De que adinata?!
De que adianta cavar tantos mundos buscando o inesgotável visível, se tudo que verdadeiramente me toca não pode ser visto, nem tocado?
Bem, eu o toco! Ele tem cheiro de flores nascidas após a nevasca, e uma tonalidade arroxeada... a sensação dele na pele, é quase igual a sensação de uma pétala de rosa recém colhida passada lentamente numa pele cujo dono dela tenha os olhos vendados. E o perfume...?
Ah... o perfume merece uma estrofe só para ele. Tem cheirinho do eterno, da eterna memória celular... Que se aproxima de um borrifar de aconchego, colo... Seios... Abraços mornos e aromas.
O gosto dele na minha mente, tem um gosto de vôo...certamente algo que me leva do chão, me tira do momento presente....e ausente me desdobro em varias, tal qual minhas papilas gustativas...viro língua de sentir só para sentir-lhe a carne...e na mente ele se esvai como uma lembrança doce...
É muito difícil descrever o que só se sente na alma. Somos seres captadores de sensações e nossos computadores mentais não estragam a memória... nem aceitam substituições.
É difícil... Muito difícil ser poeta e continuar humano.
Márcia Poesia de Sá - 03.05.2011