Olhando o Vau
Às vezes me perco olhando para o vau... Surgem mil ficções, mil ilusões e um caso real: nós dois abraçados em tempos distantes. Minha perpétua lembrança refaz a esperança dos ledos amantes: ali, entre sorrisos contentes e prantos doridos, dois amigos unidos, de todos fugidos a sermos amantes. Escrevendo numa folha de eucalipto nossos nomes verdadeiros, esquecendo figuras tétricas de antes jurando ser eternos companheiros.
A Eternidade parece ser demais para nós meros mortais...
Vejo-te recostada em meu peito, uma lágrima triste caindo, eu a enxugando com toda ternura, enquanto tu achavas lindo, sentia voltar novamente a ventura que outrora estava indo... Até pude, neste instante, ouvir um louvor: “tu és lindo meu poeta, meu amor.” É que bateu uma brisa em meu rosto, desviei o olhar sem gosto e com a dor que a minha pena não suaviza.
Eu era o teu protetor, aquele que tu vias com bons olhos; eu era o teu amor, aquele que fazia ressurgir a felicidade com meu jeito encantador, abrasador e poético de ser, onde por muito tempo em teu viver fui teu cândido professor.
Abraçados por dois lustros encantadores nós dois fomos felizes! Eu choro por dentro, sou fraco no centro e não sei se eu entro no mundo das cicatrizes... Criança... criança... Ah, minha criança! Como foram boas, diletas, amadoras, concretas as tuas diretrizes!
Ah, eu me perco em mil lembranças!... Lembranças que não fogem com o tempo, as bebedeiras não curam; as paixonites não perduram, porque a flor que foi plantada em meu coração por um ser angelical está enraizada, vive e revive no bem ou no mal todas as vezes que, perdido a esmo fico olhando para o vau.