LADO ESTÁ ENCARCERADO

Lado quer a liberdade

Não quer a asfixia

As grades, o mofo, a mofa

A ferrugem, o ferro frio

Muitos anseios, planos

Não tem caráter, sem brio

Abelardo ele se chama

Aqui ele não tem nome

Habbeas Corpus, sentenças

Aspirações

Nada restou

Do apelido de criança

Dos mimos da mãe

Dos folguedos pueris

Todos têm o mesmo plano

A mesma cabeça

O mesmo quadrilátero

Seu nome tá na parede

Como d’outro prisioneiro

Pichado, mal desenhado

Lado não é mais pirralho

Não é menino ingênuo

Não significa mais nada

É apenas Abelardo

Homem feito, refém do crime

Que o tempo endureceu

Que a prisão corrompeu

E as memórias de criança

Foram apagadas

E transformadas em transgressões.