MÃE!!!

         Hoje, neste momento, estou sentindo saudades de você. A tua presença, nessa eterna ausência...de repente tocou meu coração, e ele estar todo encolhidinho, sentindo o frio eterno de não poder ter mais o seu calor...

      Olha, Mãe! São quase 18 horas, estou num ônibus           a caminho do meu trabalho noturno, mas de repente tu chegastes em minha mente, em imagem e energia...

    Estou te sentindo Mãe!!! Estais aqui bem pertinho de mim. Sei que isto é uma ilusão, uma necessidade minha...Porém, é verdade o que estou a sentir... O ônibus estar superlotado, estou sentada ao lado de uma moça desconhecida, a qual, penso que estar observando minha escrita rápida e garranchuda. Ela deve tá estranhando o meu jeito. Sei que estar! Mas essas coisas ninguém pode de fato explicar, pois ao nosso Deus pertencem...E eu nem sequer acredito na volta dos mortos... mas te sinto bem real.

 
      Ah!  Mãe da minha alma! Estou lembrando de um passado bem remoto, daquela época em que você só tinha eu e minha irmã Neide. As imagens que vejo não são nítidas, são bem embaçadas, e não vejo o seu rosto jovem, lhe vejo como partistes, apenas o teu corpo consigo vê-lo como era, bem magro e bem lindo... Nesse tempo que te vejo embaçada, você me parecia ser um pouco feliz, porque feliz, feliz! Mãezinha! Pouco você foi. Porque Mamãe, toda a nossa família sofria muito... 


      Mas nesses momentos felizes, que estou vendo passar na minha mente, te vejo cuidando de nós duas, eu e Neide. Estou vivenciando em memória, as tardes do sítio, lá no maranhão. Estamos num lugar lindo, com flores, com pássaros, com pomar cheio de frutos... estamos perto do cacimbão do nosso sítio...Você, já nos banhou com um sabão de coco babaçu, delicioso, nos enxugou e agora juntamente com Lourdes, sua enteada, minha irmã paterna, penteia nossos lindos e compridos cabelos, enquanto canta ou conta suas encantadoras histórias de trancoso. Depois de penteados os nossos cabelos, chega a vez de fazer nossas tranças, e isso eu simplesmente adorava... 

        Ah, Mamãe! Até hoje, eu me rendo as mãos das cabeleireiras, só porque ainda sinto as delícias do toque das suas mãos, que tanto deixou memória na minha pele, especialmente na cabeça, com também, catando piolhos, tarefa diária, um cuidado bem exagerado, e seus adoráveis cafunés, que eu sempre lhe pedia pra repetir infinitas vezes...

            Mãe! Sei que não fui sua filha ideal... deveria ter cuidado melhor de você, até porque logo descobri que tinhas uma doença mental, que lhe deixava depressiva e com mudanças repentinas de humor... Me desculpa ,Mãe! Mas devido seus problemas de saúde, Eras muito áspera conosco, mas de repente nesse ônibus, DEUS me fez lembrar de um tempo apagado...

E pude resgatar esse lindo cenário que tantas vezes fez parte da minha e nossa singela infância...
Obrigada Mamãe!!! E se uma filha poder ter realmente contato energético com sua mãe... creio que esse foi mais um, dos muitos que já tive desde que você se foi...


OBS:  Este Fato aconteceu num dia de marco De ste ano de 2011

Maria de Fátima Alves de Carvalho
Poetisa da Caatinga
Nata, 03.05.2011
Texto dedicado a minha mãe, Maria Jacira

Maria de Fátima Alves de Carvalho
Enviado por Maria de Fátima Alves de Carvalho em 03/05/2011
Reeditado em 22/09/2020
Código do texto: T2945762
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