Horizonte elástico
silvania mendonça almeida margarida
O autismo é como o horizonte
Ensina com mil raios, após uma noite de espera
Não se desespera e resvala devargarinho a aprendizagem...
É como o sol que se pondo com brilhos de intensidade
Quer receber águas vivas que fizeram contrato com a lua
E os raios de sol afugentam os pântanos e os charcos
E o autismo está lá, silencioso e viajante
Quantas metáforas para dizer que o autismo é um horizonte elástico
Estreita as amizades e alarga o conhecimento
Não passa um só momento que não dá vontade de chorar
E ser amigo, ser fiel, ser companheiro, demonstrar
Pois é: que falar do silêncio do autismo?
Deus fica lá em cima recolhendo os silêncios
E o autista estende a alma do lado de fora
E dito “normal” se põe a decifrar seu horizonte...
Críticas construtivas, que nada
Deboches param as estradas
Acontece sempre, com muito mau gosto...
Mas o horizonte do autista não gosta de ser interrogado
Seu rio continua apressado, não pode ser “retardado”
Carrega os detritos dos ânimos caídos
Na sua tarefa de me ensinar
O seu horizonte elástico...
Que junta os cacos numa chuva de prata
Mergulhando-me em mundos escondidos
Numa alma carregada de vozes...