Diário de Sherazade IV (Contação de Histórias)
Querido diário,
Hoje, queria deixar registradas algumas falas das crianças, que anotei:
“Você é muito bonita”, “Sua maquiagem está borrada”, “A história foi boa”, “Sua voz é muito bonita”, “Vai com Deus”, “Eu queria que isso fosse real”, “Conta a história de novo”.
Fico emocionada somente em me lembrar da imensa afetividade das crianças. Após o ato de se contar uma história, nós nunca mais somos os mesmos para elas.
Para elas, nós nos tornamos especiais, únicos!
Na escola, vivem me abraçando.
Nas ruas, gritam meu nome, acenam e me mostram para as suas mães.
Até me tornei uma tia mais encantadora depois que passei a contar histórias para meus sobrinhos!
Essa troca de afeto permeia a troca de conhecimentos, de experiências, de pontos de vista, de magia que envolve a contação de histórias.
Mas, além disso, tenho um plano: acho que podemos reverter essa nossa popularidade em benefício do estímulo à leitura.
Outro dia, após uma contação, mostrei o livro com a história para as crianças e comentei sobre a importância do ato de ler.
Li um artigo que nos aconselha a sempre levar o livro onde está a história, se for esse o caso, para estimular os alunos a descobrirem a magia da leitura.
O resultado da minha atitude foi imediato: dois meninos, após a atividade de colagem, pediram-me para ver de novo o livro.
Eles formaram uma dupla e liam com certa dificuldade a história, mas sempre com muita empolgação. Algumas crianças ficaram em volta, numa rodinha de leitura, que tocou meu coração...
Ah! Queria lembrar que, de acordo com os PCNs, todo professor é professor de leitura.
A situação dos contadores de histórias é idêntica.
Por fim, já que tratamos de afeto, relembro as palavras contidas no inventivo livro “O Pequeno Príncipe”: És responsável por quem cativas.