[A Estrada Aposta com o Vento]

[Eu não quero dizer nada...]

De manhãzinha, pelo caminho da serraria...

Ao longo da estradinha avermelhada

sopra um vento suave

que acabou de agitar

os arbustos de gabirobas

apenas ficados atrás de mim...

À noite, quando me deito,

eu penso na estradinha solitária...

Como estará agora, sob o luar,

sem os meus passos,

sem os meus olhos,

sem a minha face ao vento...

Sem mim, as coisas nem são?

A estrada aposta com o vento

que eu voltarei um dia,

em busca das gabirobas;

mas o vento, tendo me jurado tristezas,

diz que eu não terei forças,

que, afinal, em meu peito não

cabe toda a mágoa da partida!

Ah, mas eu voltarei um dia...

E então, a estrada me receberá

e me sorrirá ao sol da manhã;

e o vento, a aposta perdida,

e sem mais o que fazer,

apenas me lamberá a face...

E à noite, todas as contas feitas,

todos os preparativos aviados,

eu pensarei ainda na estradinha

e nas flores amarelas ao vento,

caídas sobre a minha face dormida...

[... E só então, o vento terá a última palavra]

[Penas do Desterro, 02 de maio de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 02/05/2011
Código do texto: T2944481
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