Ele aterroriza minhas noites
Ele aterroriza minhas noites. Fica ali sentado na esquina da cama olhando, ansiando um deslize meu. Desenha na língua todas as minhas voltas causando tremores na pele híspida deslizando a alça do que me cobre. Ressôo, letárgica, por todos os dedos arranhando o lençol coalhado de brasas da cor dos olhos dele que despencam do meu corpo. Não durmo há séculos perscrutando sua agitação de caçador, sua respiração de quem tem pressa de presa, de mim. De mim ardendo urgências esperando apenas um recorte de brisa fresca de seu hálito de menta. Sei que ele virá lento, taciturno e tanto que vai parecer não vir quando já estiver e não adormeço para não perder um só gemido de sua ceia.