Seres sentimentais

“O importante é a vitória final.” (Daisaku Ikeda)

Tem dias que tudo parece dar errado, apesar dos nossos esforços. Em outros, as coisas vão se encaminhando naturalmente, sem que precisemos alterar demais o seu ritmo ou a sua ordem.

Assim como há dias que já amanhecem chuvosos ou pelo menos nublados, escuros, tem aqueles que parecem clarear antes mesmo do sol nascer e permanecem iluminados até altas horas. Não estou falando do horário de verão, não. Refiro-me mesmo à alternância dos dias felizes e desafiadores, que foge ao nosso controle.

É claro que nos alegramos quando algo super legal acontece. O contrário também é verdade, com algo ruim. Mas tem também aqueles dias que estamos meio jururus, mesmo sem ter acontecido nada. Em outros, nos sentimos bem dispostos, felizes e satisfeitos, ainda que tudo continue exatamente como antes. Coisas de sentimento mesmo.

Os dias são assim, alternados. A vida também, cheia de surpresas. E os nossos sentimentos da mesma forma, influenciados pelos acontecimentos externos, pelas lembranças de algum passado ou simplesmente ocorrem. Sentimentos parecem ter vida própria, de tão incontroláveis! Surgem e pronto. Tomam conta. Nos dominam. Somos antes de mais nada seres sentimentais.

Imagine só: seria ao mesmo tempo bom e ruim se os sentimentos fossem programáveis. Por exemplo, aperte o botão “feliz”. Se deixá-lo apertado muito tempo, vai perder a graça. Até a felicidade enjoa. Cai na rotina. A menos que existissem vários botões para os diferentes tipos de felicidade... E aí revezaríamos! Passeio feliz, amor feliz, amigo feliz, momento feliz etc.

Ora, a vida é exatamente assim! Várias felicidades alternadas. E somos nós mesmos que apertamos cada botão! As escolhas! Cada opção que tomamos é um botão apertado. Com a única diferença que às vezes demora algum tempo para o resultado acontecer. Ou então apertamos o botão errado, algo que não nos fará de fato felizes.

Quem é que nunca passou por uma maré de coisas ruins? Ô, fase, viu! Mas não liga, não. Vai passar. Tudo passa mesmo. Depois vem a onda de coisas boas! E a gente quer que ela nunca acabe. Aqueles que sofrem por antecipação ficam preocupados quando tudo está indo bem demais... E assim que qualquer coisinha acontece, logo pensam “eu sabia que tinha algo de errado”. Pessimismo bravo!

Já que vivemos então um eterno revezamento de coisas boas e ruins, e o presente é muito curto para ser eterno, para viver bem é preciso duas coisas muito simples: confiança e gratidão.

Confiar no futuro. Ter a certeza de que por pior que esteja a situação, tudo mudará. E se tiver na “onda boa”, confiar também que as coisas continuarão melhorando. Bem ou mal agora, confiar que tudo se resolverá. E agir para isso, claro.

Não devemos jamais esquecer a gratidão pelas coisas boas que já nos aconteceram, pelas pessoas legais que já encontramos, pelas conquistas que já alcançamos. Gratidão é valorizar aquilo que provamos ser capazes e, com base nisso, saber que podemos continuar crescendo.

Como não dá pra escapar dos sentimentos, é melhor vivê-los intensamente. E que sejam então sentimentos acompanhados sempre de gratidão pelas vitórias já alcançadas e de confiança naquelas que estão por vir.

(Catalão, 27/04/2011)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 27/04/2011
Reeditado em 28/04/2011
Código do texto: T2935362
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