[O Enigma de "A."]
...velhos textos inéditos...
[Às vezes, o enigma se impõe inapelavelmente!]
Tempos vertiginosos, tempos doidos...
Tempos de falas curtas, sintéticas,
sincopadas e até mesmo sincréticas!
Tempos em que surge-me assim,
sem provocação, sem bandeira alguma,
uma apenas "A." na curva do meu caminho!
O que fazer se o fim do mundo [meu] chegou?
Deixar ferver, deixar esvair, deixar escoar...
E, estando caído de costas no asfalto quente,
deixar o sangue empapar a camisa branca,
olhar o estrangeiro céu azul profundo,
e pensar que a Minas, eu mais não voltarei...
Antes que eu dê o salto mortal no Nada,
quero lhe dizer a sua chispa não foi em vão,
pois onde há presença do ser, há coração!
“A.”: eu só passei no agora de sua vida
assim, de mera passagem cigana,
sossegue — já somos esquecimento!
[“A.”, seja você quem for, o que me importa,
se eu sou apenas esse desolado CRSS,
o homem perdido nos ermos desta terra?!]
[Penas do Desterro, 20 de junho de 2006]