Penso...
Do Capítulo do Desabafo.
...como nos velhos tempos vamos brincar de ser feliz, falar
de Amor,
de amizade...
filosofar...
jogar conversa fora...
gargalhar!
chegou um tempo em que não dá mais pra compartilhar
só dor...
chegou um tempo onde as ilusões de criança estão nos olhos dos nossos filhos...
nos olhos deles...
chegou um tempo que é mais importante
ser o que somos...
é tempo de viver
seja lá o que for da melhor maneira possível...
sejamos realistas...
chega de romantismo!
Chega de morrer de amor!
Chega de cultuar o irreal,
de ver beleza
onde não existe,
de idealizar o feio,
o monstro,
o comum, o banal, o imoral
como se fosse perfeito...
sejamos realistas...
a vida é feia
e
dura,
cheia de tropeços...
sejamos realistas...
as vezes o Amor também parece
feio...
mas, podemos certamente sermos belos naquilo que nos propormos
Ser...
sejamos realistas...
a vida é curta, quando perdemos tempo...
e
já vivemos uma parte da vida,
cegos,
idealizando
e
valorando
atitudes que não estão de fato em nós...
vamos cultuar
a verdade das crianças,
que são sinceras,
a amizade adolescente
afetuosa,
bonita
e
as vezes também cruel...
talvez, seja melhor cultuar
o Amor
descompromissado,
que deixa o outro ser feliz
ou
triste
como queira...
deixar o outro
quebrar a cara...
como queira...
e
deixar claro
que nem sempre estaremos por perto.
Chega de brincar de pique-esconde
de pique-pega...
quero
soltar pipa...
de cara pra cima,
olhando para o sol...
céu azul, vento...
e
correndo o risco real de que de repente... não mais que de repente,
a pipa se solte
e
vá
parar em outro lugar...
fazendo a alegria de outra menina...
daí então, faço outra pipa,
bem mais bonita,
e
vou a rua de novo...
vida boa...
quero brincar a partir de então de ser feliz...
e
correndo o risco de chorar ou ser naturalista de vez em quando...
abrindo o verbo
e
escancarando e dizendo
cara a cara
o que penso
o que quero
e talvez
o que sinto...
Penso...
Brasília - DF 2008
Do imaginário de quem pensa.