[Texturas do meu Olhar]
Um casulo, um frágil casulo...
Um resplandecente casulo,
um abrigo contra intempéries
nem tão desastrosas assim...
Antes de despertar,
eu vivi muito, muito tempo
neste casulo de paredes
lisas e quase espelhadas...
E assim, construí o meu mundo
apenas de miúdas texturas do meu olhar.
E foi só quando cansei de ver
apenas as minhas imagens,
que eu saí para o sol de possibilidades.
Ah, mas então, já era tarde...
Pois, consoante o seu terrível hábito
de passar, a Vida passara, e sem mim!
Enrolado nas finas texturas do meu olhar,
perdi-me de ti, perdi-me de mim,
fiquei só, chorando sobre a linha
do trem que, de tão velho,
já nem passa mais por aqui...
[O mundo está tal e qual estava antes dessa narrativa,
pois é uma narrativa de nada: eu não disse nada!]
[Penas do Desterro, 19 de abril de 2011]