Ensaio de uma Prosa -Saltimbanco da Imaginação
A mão vira a esquina para olhar o mundo, girando na ponta de um caleidoscópio.
Faz malabarismos na corda bamba, agita a vida na melodia dos dias ora triste, ora de muita alegria na avenida da arte em ebulição.
O mundo apenas olha a mão que aquece sua ilusão, com preguiça faz caretas para o palco da vida, vendo saltimbancos voando sob a lona azul do circo da imaginação.
Nem a água tão límpida, nem a terra tão vasta, deixam de sentir o pulsar da criação que envolve a essência do otimismo que pulsa em cada sensação que corre na inspiração.
Nem a ponta dos dedos fazendo piruetas de caligrafias, nem a palma sendo o picadeiro que sustenta o movimento dos adornos da escrita se alteram em sua missão; seguem o curso lado a lado, quando a arte sobrepõe a vontade e agilidade que corre no turbilhão do pensamento.
E assim vai o dia incerto, pulsando fora de hora, à vontade de manifestar a luz da alma, assim vai à noite de alegria na corda bamba, incerta no coração que não sabe onde pode começar a manifestação desta ilusão.
Então o abstrato quebra lá no pano de fundo da realidade o ponteiro da noite que resolve lembrar que a realidade existe tão compacta, tão sem falta de graça explodindo fora da alma o teor do momento rompido, afogando a caligrafia no desvio da queda do tinteiro.
A lona então desce, o circo da alma adormece e a mão descansa no sonho irrequieto do Poeta que se vestiu um dia na euforia de um saltimbanco.