Ninguém Nunca Ninguém

Nunca amar nunca.

A Lua baça nada à noite sem meus olhos.

Sou uma velha amarrada no esquecimento, e só.

Não tenho ninguém... ninguém em minha mente.

Os nomes que dito são gritos? Os nomes que grito são ditos?

Ninguém escuta.

Meus filhos partiram sem destino.

Tive filhos?

Acho que nunca os tive.

Quem me deixou amarrada no esquecimento?

Nunca amar nunca.

Dizia meu marido: um dia vão te abandonar...

A Lua baça derramada na mesa da escola... era um poema!

A professora dizia... ou era a minha mãe quem dizia?

A Lua baça derramada nada à noite sem meus olhos.

Eu ficava triste. Eu fiquei triste. Eu estou triste.

Preciso gritar, mas não posso.

Vão dizer que sou uma velha que enlouqueceu

E vão me internar.

Não posso... não posso... gritar.

Por que na minha cabeça vem esse nome Jesus?

Não consigo me lembrar quem é esse tal de Jesus.

Meu irmão...? Meu marido se chamava... José.

A Lua baça derramada nada à noite sem meus olhos.

Dizem que fiquei louca, mas eu só estou com raiva

E ninguém me ensinou a ficar com raiva.

Acho que nem esse tal de Jesus.

PHOBES
Enviado por PHOBES em 16/04/2011
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