LIXEIRA
era uma vez uma folha em branco que não tinha pautas
não tinha partes
não tinha começos
nem ápices.
e era uma vez essa mesma folha em branco que não tinha
idéias
que não tinha férias
não tinha amores
nem versos.
e no verso da folha, era essa vez em que não tinha nada
não tinha sobras
tinha vazios
e esparsos espaços.
era uma vez a orelha da folha que não tinha começo
não tinha meio
nem princípios,
valores.
espaço pra datas.
E então [pausa para perder a paciência]
no amasso da folha era como se me amassassem
o corpo
o sexo
o nexo
o poema.
LATA DE LIXO