O FRUTO DO QUE DESEJO

Caso eu fosse o fruto do que desejo,

Certamente desfazia esta seqüência,

Por conseguinte também não mais diria.

Certas coisas de cunho inconseqüente,

Mas de mim tenho apenas a carcaça,

Nada alem da falta de autonomia,

Sendo assim me impeço pronunciar,

Que não repito aos fatos que me agonizam.

Quando sinto-me dotado do vazio,

Agoniza-me fazer-me desatento,

Cada gesto representa um calafrio,

Remexendo com o meu merecimento,

Nada sou mais me vejo insolente,

Contra digo a condição de indigente.

Reluzindo meia luz amarelada,

Não transmito se quer a minha sombra,

Como fosse os degraus de uma escada,

A servir, a quem por cima deles andam.

Nada quero por falta de ambição,

Já postulei um lugar neste navio,

Mas agora abandonado no porão,

Nem mesmo sonho em desfrutar do paraíso,

Cada trapo que reveste meu cadáver,

Acoberta também o meu cinismo.

Escarneço sem medidas,

Malfazejos meus intentos,

Sem desejo de guarida.

Dizer que não, bafejado pelo sim,

É encharcar-se, do dito sem efeito,

Nada vale, o desejo deste jeito,

Representa, o imperfeito.

Dispa-me do que me resta,

Mate-me agora,

Rendo-me sem choro,

Ô senhora,

Tens a gloria.

Seja sucinta e precisa,

Execute-me agora,

Assim, o amor aflora.

(Moguel Jacó)

11/04/2011 14:37 - Calliope

Então mestre,é com muita satisfação que deixo aqui o verso inspirador do teu tão belo.Luz e paz!**

CONJUGANDO MEUS TEMPOS

Quereria dizer jamais

Mas sou este rato de roda

Refazendo o mesmo caminho

E meus braços tocam o nada

E minha pernas ficam paradas

E volto meu olho

E volto às palavras

Em tempos de águas passadas

Quereria dizer jamais

Mas sou este estado de volta

Desde ontem,

Desde sempre,

Indefinidamente

Definitivamente...

E a porta que não fecho

É meu pedaço de elo

Aquilo que nunca selo

E é aí que a mim revelo

Quereria dizer jamais

Mas sou este círculo

E meus pés andam em revés

E vomito meu mel disfarçado em fel

E vomito só pra ficar

Nem que seja pra um último olhar

E se bato tanto em teu peito

É meu desejo

De aí dentro me fincar

Quereria dizer jamais

Mas isto jamais direi

Porque fica sempre mais

Do que jamais terei

E se desfiro estes tapas

É só porque isto toca

As cascas

A sobra

A porta...

Quereria dizer jamais

Mas isto,

Jamais!

Callíope

Para o texto: O FRUTO DO QUE DESEJO (T2901417)

Muito Obrigado Callieope por me trazer o seu magistral poema que deu origem a estes meus versos interativos para ser anexados ao meu pacato trabalho literário, fico profundamente honrado com esta sua atitude de intensa nobreza.

Assunto: interação ou comentário...

Nome: nana

E-mail: nanaokida2009@hotmail.com

IP: 189.58.82.135

Mensagem:

interação a prosa poética do Miguel Jacó: O FRUTO DO QUE DESEJO.

TE SENTES PERDIDO...

Neste teu lamento,

tu reclamas de ti mesmo,

tornando a vida um tormento,

e vivendo triste, a esmo,

com o corpo consumido,

nesta permanência terrena,

te fechas, te sentes perdido,

tendo a face, plácida, amena.

Tens ainda vivo este orgulho,

não te calas, nem te conformas,

te sentes só, um bagulho!

Olhando o caminho percorrido,

que tantas vezes fizestes reformas,

e te vês como nada, porém atrevido,

contradiz, na memória, o que tens vivido.

Esmaecido pelo tempo, esquecido,

qual triste caminho indolente,

que tantos têem percorrido,

pisando sobre tu"alma indigente.

Não tens mais sonhos e ilusões,

e a vaidade, em trapos, perdida,

moribundo, já quase morto,

esquecestes as tuas paixões,

arquejado, sem rumo, torto,

neste cinismo sem vida.

Teus mais escusos pensamentos,

tu expões sem ao menos pensar,

no que possa intentar.

Dizes tudo que não queres,

como dito por não dito,

como tantos outros seres,

deste mundo infame, maldito.

Imploras que te desnude,

das tuas malfazejas derrotas,

enquanto vivestes de glória,

fiz por ti, o que pude,

me pisastes com tuas botas,

e hoje, te lembras desta senhora.

Serei rápida, muito piedosa,

num golpe misericordioso, majestoso,

dou-te a morte,e o meu amor, com uma rosa...

Muito obrigado Nobre poetiza Nana Okida por esta magistral interação que vem da brilho aos meus pacatos versos.