POBRES MOÇOS
Tentaram lhe calar a voz
E ele não cedeu, falou
Tentaram intimidá-lo
E ele não recuou, avançou
Tentaram, ainda, atirá-lo aos leões
E ele não fugiu, os enfrentou.
Era um louco?
Não.
Apenas sabia que contava com seus iguais
E a eles se uniu para a luta que supunham vencida
Assim se dá quando se reconhece o irmão
Nada lhe faz recuar, ainda que mal lhe digam às costas.
Mas eles não sabem dessas coisas
Jogam no campo adversário, mais verde e bem cuidado
E esquecem que a grama também seca, mas o companheirismo não.
Ah, pudessem sabê-lo
A felicidade que é estar junto aos seus
Nunca poderão saber porquê lá não estiveram
E o calor humano a todos aqueceu.
E aquele dia não findará
Outros iguais virão, com chuva ou sol e mesmo canhão
E nem general, marechal ou capitão terão suas ordens cumpridas
Porque não recua soldado que sabe o motivo da luta.
Então, que fiquem encastelados
Que bebam o vinho mais caro e comam a mais sofisticada iguaria
Que andem nos seus maravilhosos carros
Que se empanturrem de elogios duvidosos.
Ah, pobres e tristes moços
Não sabem reconhecer o riso puro e franco da criança
Ignoram numa flor a manifestação da primavera
Ah, pobres moços...