Mulher, mulher...
Quando esse fogo aquece teus domínios,
Brandindo o belo canto da paixão,
Mostra a face austera de teus desígnios;
Perde o medo e embala a nova canção.
O brado de lamúria reticente...
Ecoa em nossa cama de ramagem,
Solta o grito de sabor indecente
Embalado na mística viagem.
A nobreza que teus poros expelem
Fere a alma desse amante plebeu,
Solidez e amor eterno repelem
A bênção que condena esse ateu.
Que me deixas sempre assim tão perplexo,
Recheado de dor e de pavor?
Deixa eu ver um pouco do meu reflexo
E em silêncio sonhar com teu furor...
Mulher do corpo abstrato e amado,
Pêlos e pele afagam a manhã,
Não faz do teu passado o meu pecado,
Se podes ser presente no amanhã!