[O Sono das Coisas - Versão da Madrugada]
[Versão da madrugada -
Ah, as Ladeiras de Minas...
eu e nas coisas: brota o tempo]
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Estas rosas brancas, este jardim
desprovido de olhos na noite,
esta luz fraca, esses latidos para a lua,
estas pedras frias, orvalhadas,
estes altos portões de ferro...
E a casa, branca, branca, ao longe,
envolta nas sombras de árvores anosas.
Aonde foram os sonhos ambiciosos
que construíram este casarão silencioso?
Vozes para sempre silenciadas,
agora falam nas telhas escurecidas,
e na taipa das paredes descascadas;
olhos antigos, olhos de tempos idos,
mistérios vertidos de portas e janelas azuis,
cerradas a modo de olhos fechados
que parecem dormir um sono de décadas!
[Não digo o nome:
rua-mãe,
rua dos sonhos,
rua parideira de mundos,
que passa rente à igreja Matriz
da minha Cidade Perfeita
— Ah, para sempre, Minas... o mundo, tudo!]
[Penas do Desterro, dia perdido de 1999]