[Ausência]
Sou simples ausência, eu falto.
Mas é só: eu apenas falto.
Mas não o bastante para que
o espaço que antes eu ocupara,
sirva de alívio para algumas pessoas;
aquelas, cujos sentidos estão nalgum ponto
onde os meus olhos já não pousam mais.
Eis-me: apenas falto,
sou reles presença apagada
pelo esquecimento. Nada mais!
Ler-me é um jeito de me esquecer,
de não querer me ver — nunca mais!
Será que a esta ausência assim, induzida,
é também uma forma de estar presente?!
Ou será uma vingança... uma vingancinha?
Não, nada disto; é só um modo de ser humano!
Há tanto tempo estou no mundo... tanto!
[Penas do Desterro, 01 de setembro de 1998]