[Ausência]

Sou simples ausência, eu falto.

Mas é só: eu apenas falto.

Mas não o bastante para que

o espaço que antes eu ocupara,

sirva de alívio para algumas pessoas;

aquelas, cujos sentidos estão nalgum ponto

onde os meus olhos já não pousam mais.

Eis-me: apenas falto,

sou reles presença apagada

pelo esquecimento. Nada mais!

Ler-me é um jeito de me esquecer,

de não querer me ver — nunca mais!

Será que a esta ausência assim, induzida,

é também uma forma de estar presente?!

Ou será uma vingança... uma vingancinha?

Não, nada disto; é só um modo de ser humano!

Há tanto tempo estou no mundo... tanto!

[Penas do Desterro, 01 de setembro de 1998]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 06/04/2011
Código do texto: T2892652
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