Sempre parece haver algo a dizer
Mais a necessidade do que a vontade
De dormir como se isso fosse morrer
De deitar fora como que para esquecer
Um silêncio de palavras gravadas na pedra
Justamente o oculto que me rouba o sono
Deixar para a eternidade o que foi calado
Como se isto mudasse o curso dos dias
Dos acontecimentos e seus sofrimentos
Numa nítida impressão de conluio ou incesto
Nessa paternidade que empresto à poesia
E na maternidade com que ela me toma
Sempre parece haver a estranha sensação
Do aviso pouco claro de um último instante
Do pressentimento de que morre o tempo
Num tempo que devora vontades de viver
E envelheço a palavra no silêncio eterno
E adorno de absurdos o breu do pensamento
Sempre um questionamento a contento
Preciosas incertezas que levam ao inferno
A vida e seus dilemas, o quanto mais, melhor
Melhor que fosse dormir para viver o amanhã
Melhor amanhecer o que nem anoiteceu ainda
Melhor ter as tardes em que tudo sempre tarda
Na síntese bastarda de olhar e não entender
Os assombros das horas mais improváveis
Os escombros dessas dores insuportáveis
Que são tudo reais sem se saber para que
Que não servem de alívio para a angústia
Essa mesma que me angustia sem ter por que
Sempre parece haver algo a perder
A consciência da precariedade da verdade
E todo o tempo que levamos para perceber
Que há mais a vontade do que a necessidade
De ir morrer como se isso fosse dormir...
Mais a necessidade do que a vontade
De dormir como se isso fosse morrer
De deitar fora como que para esquecer
Um silêncio de palavras gravadas na pedra
Justamente o oculto que me rouba o sono
Deixar para a eternidade o que foi calado
Como se isto mudasse o curso dos dias
Dos acontecimentos e seus sofrimentos
Numa nítida impressão de conluio ou incesto
Nessa paternidade que empresto à poesia
E na maternidade com que ela me toma
Sempre parece haver a estranha sensação
Do aviso pouco claro de um último instante
Do pressentimento de que morre o tempo
Num tempo que devora vontades de viver
E envelheço a palavra no silêncio eterno
E adorno de absurdos o breu do pensamento
Sempre um questionamento a contento
Preciosas incertezas que levam ao inferno
A vida e seus dilemas, o quanto mais, melhor
Melhor que fosse dormir para viver o amanhã
Melhor amanhecer o que nem anoiteceu ainda
Melhor ter as tardes em que tudo sempre tarda
Na síntese bastarda de olhar e não entender
Os assombros das horas mais improváveis
Os escombros dessas dores insuportáveis
Que são tudo reais sem se saber para que
Que não servem de alívio para a angústia
Essa mesma que me angustia sem ter por que
Sempre parece haver algo a perder
A consciência da precariedade da verdade
E todo o tempo que levamos para perceber
Que há mais a vontade do que a necessidade
De ir morrer como se isso fosse dormir...