GUARDIÃ
Havia uma pedra na beira do mar
E testemunhava, dia após dia, o sobe e desce das marés
Foi testemunha nos dias quentes e noites de lua
Dos corpos que se amaram, peles que se buscavam, lábios que se entregavam... e moldavam-se, até o encaixe perfeito...
Havia uma pedra
E os gemidos ecoavam em suas fendas profundas, entrecortados por suspiros roucos, eram promessas que diziam com voz lânguida e febril...
Intacta, ela assistia a tudo e sua aspereza recebia chicotadas em noites de fúria, açoites das águas profundas, da imponência do mar, que cansado recolhe-se e deixa no ar apenas o cheiro salgado da maresia...
Sua exuberância é algo majestoso , fiel guardiã dos sonhos dos amantes... Tem sobre si um manto de castidade , tênue veludo que recobre seu riso e disfarça o rubor da face etérea...