A ESPADA E A HARPA(TRISTÃO E IZOLDA)
A ESPADA E A HARPA( TRISTÃO E IZOLDA)
A lamina fria e fina corta o som no ar
Num lampejo cálido
Onde numa trajetória vertical
Rasga a carne e o véu.
A harpa, com a necessidade das duas mãos,
Emite no ar a composição lírica
Onde numa propagação divergente
Atinge o sonho do sentimento único.
A espada mesmo num movimento lento
Não deixa de fazer escorrer no manto branco
O filete escarlatino, minando a vida.
A harpa, numa profusão de toques
Sente o nascimento de uma lágrima
Marcando a veludez da pele.
Numa comunhão entre espada e harpa
Alguns fios se romperiam ao sabor da navalha
Mas sua trajetória seria interrompida
Pela união das cordas
Cessando a caminhada violenta
Num grito final e alto
Segurando a fera manipulada.
A harpa sairia vitoriosa pela força da união
Enquanto a espada vencida
Cairia por terra
Trazendo no fio da lamina
A marca da supremacia alheia.
Que a espada seja usada
No desbravamento puro
Da escuridão dos poderes
Onde o sentido masculinizado impera.
A harpa emita os louros da angelitude
Da claridade divina
Quando corações se confraternizam
No bem estar da alma
Onde a feminilidade suave
Reúne o olhar doce
De dois amantes.
Di Camargo, 04/04/2011