Bilhete

Para você que um dia foi minha e me esqueceu, deixo aqui estas linhas falando do que sobrou de mim. Como você mesmo disse, ninguém morre de amor. Sofre bastante, mas com toda certeza o tempo cicatriza as feridas. Sei que é preciso também muita poesia para suportar e muito vinho para enganar a dor.

Quando uma fina chuva bate na vidraça, uma imensa saudade me abraça a alma. Vem a lembrança do seu cheiro, de sua pele úmida de amor e desejo; dos seus lábios molhados de vontades; dos seus seios intumescidos aos meus toques, de sua sensualidade, espontaneidade, e do seu rio desaguando em meu mar. Ainda sinto o seu olhar de candura debruçado no meu; o seu sorriso largo e o seu jeito menina no seu corpo de mulher madura. Quantas loucuras fizemos juntos!

Guardo dentro de mim cada detalhe dos momentos intensos e coloridos que passei a seu lado.

Nos dias de sol lembro do calor do seu corpo, do brilho do seu olhar, da luz de sua alma, e da magia e calma que eu sentia nos seus afagos.

Na sua presença a rua me parecia deserta; certa era só a sua imagem diante de mim. As pequenas coisas se tornavam singulares com a sutileza e a simplicidade dos seus gestos e olhares.

Hoje meu relógio marca o tempo de sua ausência. Meu coração mora nas vontades, sou só saudades. Sou solidão de estrelas.

*Texto inspirado na música Bilhete, de Ivan Lins.

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Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 02/04/2011
Reeditado em 02/04/2011
Código do texto: T2885287
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