Morte
Morte
Vinde a mim, inevitável morte.
Espero-a com as mãos nos bolsos e de olhos bem abertos, rindo.
Conversaremos como amigos no caminho de volta.
Pois não a temo, apenas respeito.
Ao voltar, explique-me como é o mundo do outro lado.
Explique-me também porque tem uma face diferente para cada um de nós.
Vinde a mim, ponto final na minha história.
Mostra-me porque se entrega tão facilmente na mão dos homens, que mediocremente te fazem uso sem pedir licença.
E porque às vezes se mostra tão contrária, ao nos tirar os bem-feitores, deixando os de brutas máscaras para ilustrar os mais baixos valores da sociedade.
Ensina-nos a não sofrer, quando sem aviso, lança longe os que amamos.
Que na gélida cor de uma pele sem nenhuma vida, nos mostre apenas um caloroso exemplo de como aproveitar bem o tempo que temos aqui, a cada minuto, a cada segundo que nos foi dado, como presente.
Abaixa o manto e se mostre bela, diferentemente de como a vemos envolta em trevas. Apenas porque você é a outra parte da vida, sem culpa disso.
Vinde a mim, infalível guerreira.
Mas venha na hora certa, sem pressa, pois adoro te namorar do lado de cá.
Na minha viva vida.
outubro 2005