UMA PRECE POR DUAS CRIANÇAS

Quero te puxar para a roda da vida, para a roda das crianças. Não te deixas levar, que a criança está morta em ti.

Dizes que eu a matei, que eu matei a criança em ti. E repetes, e repetes, e repetes que fui eu, que fui eu que matei a criança em ti.

Em vão estendo as mãos para trazer-te à roda da vida, à roda das crianças. A criança em ti me olha com os olhos mortos e me acusa de sua própria morte. Ela me acusa, há tempos sem fim e, há tempos sem fim apaga as luzes dos olhos da criança em mim.

A criança em mim está sempre a morrer pela acusação dos olhos mortos da criança em ti.

Uma prece pela criança em mim que vive a morrer, pela criança em ti, a criança em ti que, segundo o que repetes e repetes e repetes, morreu pelas minhas mãos.

Na noite de 01 de abril de 2011.