Hoje queria dizer o que não disse e deixar que escape meu grito calado e que escoe de mim a dor da ferida feita com delicadezas amorosas...
Hoje eu queria encontrar a palavra exata que fosse sob medida para aquela dor que se calei, foi por susto do desconhecido naquela claridade a mais que eu não queria, mas que me banhou como água de tempestade...
Hoje o vento não uiva sobre os morros... O ar parado estrangula-me na planície do meu coração...
Nenhum som estridente traz-me outra direção e não preciso de partituras e nem de escalas sonoras...
Hoje reconheço em mim aquela música calada, o silêncio de uma pergunta que nem ousei me fazer, porque não me importa que a felicidade alcance o universo, que de onde estou e admiti ser-me por um instante, é minha a colisão pactuada com meu desconhecido...
Não haverá em mim por instantes, censuras ao que quis, não me condenarei por ter acreditado na impossibilidade maior; eu não me seria se não ousasse crer no inacreditável...
Tanto faz a métrica diante dos instantes aos quais me doei, átimos instantes que se findarão no agora do meu consentimento...
Minha permissividade não vai além do meu ponto final, que ainda determino quando se fará presente e sei de forma absoluta que enfim já é
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