Primeiros

Talvez tenha sido enquanto eu escrevia, talvez enquanto eu te perdoava. Houvera sido no latim consumido na palavra? Em qual esfera? Na espera de um vocábulo menos rígido do que aquele com o qual eu gritara?

Quem sabe fora no insano instante em que eu te procurava. Ou ainda, no episódio real, no qual se deu o primeiro gole da bebida amarga. Como se fosse vômito. Como se sustentasse o nada.

Sei que ao invadirem a grama, sendo sujeitos, sujeitos á existirem por meio da desinência verbal, acabaram por desistir; Ao darem continuidade ao sonho que soprava, querendo ser o id na primeira pessoa calada e singular, destinaram a deformar. Tão redondamente equivocados. Tão equivocadamente arredondados. Tão desmerecedores do equilíbrio que buscavam.

Ela, no primeiro banco da praça, abençoada com seus ossos longos, entrelaçada nas poças, seguindo passos por segui-los.

Quiça tenha fermentado a culpa e esvoaçado-a nas voltas que dava. O círculo. As voltas sem álibi. Eternas e viciosas. Milimetradas. Irresponsavelmente inúteis.

Sei que ocupavam a presença endeusada, mesmo quando feita no meio do mundo, em um eco partido em pedaços; Como sei da certeza e que dela, sei, obtiveram a passagem. E isso foi quando pensei ser tua a febre do que em ti ardia. E se não era, não existia. Não articulava.

Talvez seja, a certeza breve ou quem sabe breve seja o que resta. O que te atropela na sala e na sinaleira, quando indica a minha vez e insinua a tua parada obrigatória.

O que sei e sei para sempre é que se não te perdoei, te perdôo agora. Peço-te desculpas, é que eu estava primeiro e tão desesperadamente a buscar a tal palavra.

Em: 29/03/2011

Tânia Fonini
Enviado por Tânia Fonini em 31/03/2011
Código do texto: T2881003
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