Parte 1
Uma xícara esquecida com café frio
Migalhas de trigo sobre aquela mesa
Que só possuía um lado outrora presente
A ausência de alguém foi sentida
E na janela se encontrava aquele que de pé
Sentia o vento chegar
Com aromas da terra molhada
Pois a chuva havia caído
E agora o astro aquecia
E nas mãos ainda não terminou de ler
Aquela carta que de longe dizia
De alguém que fez falta aquela manhã
Na mesa que continha um envelope
Largado por mãos que me afagou a noite
Que pertencia ao corpo
Onde colado ao meu corpo
Havia ternura e calor
Havia beijos e palavras de eternidade
O tempo é o único eterno
E agora já de terno
Esperava o momento certo
No travar do ponteiro
Que sinalizava os minutos
A hora para pegar o ônibus
Na estação 17
E ir em direção ao norte
Lugar onde o sol põe chamas
E nos faz suar
Lugar aonde irá novamente lhe achar
Pois você brigou uma hora antes de eu me levantar
Quando encontrou em meus bolsos
Um bilhete qualquer
de alguém que em minha cama esteve
Você olhou em meus olhos
Disse: como se atreve
Menti pra ti confesso
E nos meus versos
Fui o mais sacana
E na cama te fiz sentir dama
Insana foi à situação
Não sei por que realmente estou chegando a sua casa
Em minhas mãos tem uma flor
E na minha boca
Algumas palavras com sabor
Que talvez te enfeitice
E atice novamente aquele desejo
E tudo findará com gemidos
Suor, calor e beijos...